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Mensagem  Centric Qui Mar 19, 2009 4:14 pm

Angústia

Uma vila mergulhava na penumbra à medida que o sol de punha. Casas velhas, feitas de escura madeira, contrastavam com as vivendas que adornavam as novas ruas de Volvenfeld. Nas ruas, nem se via uma única alma. Papéis de jornal voavam lentamente com o vento, e gelo formava-se nas janelas. Mas não nevava. De uma das janelas de uma casa comum e normal, via-se uma luz fraca. Sentado à sua secretária modesta, estava um jovem, que olhava para o horizonte com angústia e tristeza. Volvenfeld era um sítio horrível para se viver. Estava localizado no oriente de Boganhem, a República mais longínqua da URLC Europeia. Ao contrário do resto do país, Boganhem era uma nação extremamente conservadora, mas que recebeu o libertarianismo com braços abertos em parte devido à sua rejeição tradicional da autoridade. Para os Boganeses, as pessoas deviam-se subordinar à sociedade onde vivem, e isso incluía os seus valores. Por isso mesmo, estar preso numa vila de pouco mais de milhar de pessoas, num dos locais mais isolados e pobres de Boganhem, era uma vida triste e sem futuro. Ao pensar nisso, o coração do jovem apertava-se, e a indecisão tornava esta noite ainda mais amarga. Deveria ir em frente? Ou ficar para trás. Por fim o sinal veio, e o seu relógio apontava: meia noite, do dia 20 de Março de 2009. Aí ele soube o que fazer. Pegou numa mochila grande, pôs lá o seu computador portátil, umas mudas de roupa, o seu iPod, o seu telemóvel, uns livros e fechou-a. Pôs a sua guitarra às costas, e com muito cuidado desceu as escadas. Ao sair da porta, para o frio de Volvenfeld, sentiu-se diferente. Era o seu vigésimo aniversário, e decidiu que era o dia em que a sua vida iria mudar. Seria o dia em que Frederik Klerk iria ser livre.
Klerk, apesar de esperto, desceu para uma espiral de falhanços pessoais e na escola, estando a repetir o último ano do ensino centrico pela segunda vez. Apesar de se poder legalmente tornar cidadão, os seus pais impediam qualquer tentativa, e dentro de Volvenfeld era impossível fazê-lo quase. Era classificado de Maior Dependente. Mas agora seria independente. O encontro estava marcado. À frente da escura e imponente Igreja de Santo Agostinho, na praça principal de cidade um jipe velho estava à espera de Fred. Ao volante estava o seu amigo de infância, Albert Geldman, mais conhecido por Bert.

"Então meu, tudo preparado."

"Yap. Vamos embora deste desterro já."


Fred e Bert, entusiasmados e eufóricos, partiram, deixando a sua casa de Volvenfeld para trás. Para trás ficaram boas e más memórias, de brincadeiras da infância, da família, dos locais habituais, de muitos amigos. Ao saírem da vila, viam a torre imponente da Igreja de um lado, as casas pretas e velhas, as casas novas. Ficava saudade do seu local de nascimento e crescimento, mas para contrabalançar, a vontade de descobrir novas coisas. De sair da jaula mental que era Volvenfeld, e eventualmente chegar a Lumiar. Como tinham pouco dinheiro e porque acharam mais graça, acharam por bem irem de carro. E assim partiram, com Lumiar como objectivo, e preparando-se para semanas de aventuras e também sacrifícios, para poderem recomeçar a sua vida.

OOC: o objectivo deste RP é descrever a sociedade da URLC através da viagem que estes dois gajos fazem, as pessoas que conhecem e a experiência que têm. Em vez de ser um reflexo da sociedade visto de cima, é visto de baixo. Achei giro.
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Mensagem  Centric Sáb Mar 21, 2009 4:33 pm

Santuário

Fred e Bert haviam viajado já uns bom 100 km para Norte. A paisagem mudara já bastante. Dos campos verdes acizentados de Volvenfeld, haviam passado por paisagens magníficas, que nunca haviam visto. Passaram por prados verdejantes, e finalmente pela Cordilheira Heiligen, um conjunto de picos majestosos e florestas negras e vales cinzentos. Após passaram o coração da Cordilheira, depararam-se com a paisagem mais inóspita que alguma vez haviam visto. Tinham aprendido na escola que se chamava Tundra, e de facto a descrição era igual - longas planícies de terra pobre - um deserto frio. Viram um sinal, a dizer: "Velkommen zo Rate von Goddenhaus" - Bem-Vindo ao Concelho de Goddenhaus. Goddenhaus. Aquele nome não lhes parecia estranho, e Fred comentava:

"Goddenhaus. Já ouvi falar deste sítio, mas não era coisa boa acho eu."

"Goddenhaus. Bem, um sítio chamado casa dos deuses não pode ser coisa boa de certeza..."

"Pois, acho que tinha a ver lá com os Deuses Antigos, ou uma coisa assim..."

"É capaz. É capaz. Liga aí o rádio se faz favor."


Fred ligou o rádio do jipe. A viagem já estava a ficar demasiado monótona. À volta dele, a imagem era a mesma. Longas tundras, montanhas ao fundo, poucas árvores. Ouvia na rádio:

"E agora passam os nomeados para o Festival Internacional da Canção.... E eles são, Rammstein de Roma, com Amerika! Beatles da Peterandia com Can't Buy Me Love! The Offsp..."

Fred ficou visivelmente zangado com a perda de sintonização do rádio do carro. Deu-lhe duas pancadas e conseguiu ouvir:

"E cá da URLC, Judas Priest com Living After Midnight!"

A música começa a passar.

"Eu adoro esta música meu, dá mesmo pica pa conduzir.... Livin' after midnight, rockin' to the dawn, lovin' 'till the mornin'"

"Também eu. Hmm, destas que passar quais é que curtiste mais? Eu sempre adorei Offspring, acho que votaria neles. Os Rammstein têm uma boa música mas são uns fachos de merda. Recuso-me a votar neles!"

"Tens razão. Os Beatles também gosto, mas têm um som muito retro. O que se tá a passar lá na Peterandia passou-se aqui há 40 anos atrás."

"Hehe, é verdade, é verdade pá."


Continuaram a viagem, com boa disposição, Fred bebia cerveja e Bert mantinha-se concentrado na estrada, até que chegaram à cidade de Goddenhaus propriamente dita. Era ainda mais deprimente que Volvenfeld. As casas todas pretas, vestígios da neve do Inverno, pessoas antipáticas... Decidiram que não iriam ficar na cidade, e que iriam guiar por turnos até chegarem a Seefurd, que ainda estava longe. Mas pararam numa estação de serviço. O seu equipamento era notoriamente mal tratado, e o seu proprietário tinha um ar rude e campónio. Mas, não quiseram saber. Deixaram o jipe fora, fechado, e entraram na loja, para comprar mantimentos.
Ao entrarem, viram como suspeito era o estabelecimento, com produtos velhos. E o ar do homem, com olhos azuis e grande, como se fosse um louco, assustaram Fred e Bert. Mas decidiram não levar a sério, e continuaram de olhos postos nos produtos. De repente, as suas suspeitas confirmaram-se. O homem aproximou-se deles, dizendo: "Precisam de aju.." e pôs dois lenços com um produto sonorífico. Os dois amigos caíram, desmaiados...

Acordam, e deparam-se com um cenário inacreditável. Estão num edifício escuro, e luzes verdes iluminam essa escuridão. Acima, vêm um altar, também ele iluminado em verde, com várias estatuetas e ídolos assustadores. E cedo percebem - são os tais Deuses Antigos, as divindades que são seguidas por cerca de 20% dos Boganeses, vestígio do ancestral politeísmo Boganês. Reparam que estão amarrados. Ao aperceberem-se disso, Fred diz a Bert:

"Oh não! Vamos ser mortos ou uma coisa assim! Como é que saímos daqui?"

"Não dá, estas cordas são muito fortes. Foda-se!"

Os seus olhos estão visivelmente cheios de medo, tremem, suam ao pensaram no que lhes vai acontecer? Será que vão acordar numa banheira de gelo com menos um rim, como diz a lenda urbana? Não sabem e estão a tremer com medo. Subitamente aparece o tal homem, com umas vestes sacedortais verdes, características do Politeísmo Boganês. Ignorando os gritos de Fred e Bert, o homem começa a proferir um ritual:

"Oh Mektig God Voden, Mektig God Loken, luben bist yehr! Meg du toeken meinen keften und kvensh deine zehrst!"

(Oh poderoso deus Voden, poderoso deus Loken, louvados sejai vós! Fazei com que esta minha oferta sacie a vossa sede!)

"Meu cabrão! Deixa-nos sair!"

"Oh, loben bist yehr! Meine dissen yungen toten bist vergen en grotzer gut! Di gut von di Boganish folk!"


(Oh, louvados sejai! Que a morte destas almas jovens sirva para o bem maior! O bem do povo boganês!)

"Nãaao!"

Mas os gritos eram em vão. Pelas palavras proferidas, eles sabiam que iam ser sacrificados. Mas não era hábito dos Politeístas Boganeses fazerem sacrifícios humanos. Fecharam os olhos, esperando que a morte fosse indolor. Mas algo interrompeu a cerimónia. Um único tiro ouviu-se no escuro. Fred e Bert pensavam que havia sido para eles, mas não. Estavam vivos. Abriram os olhos e viram um homem, com um longo casaco escuro e uma pistola na mão, ainda a fumegar.

"Jakob Shumaker, do COPRE. Está tudo bem?"

Ao serem desamarrados por mais dois agentes, Fred e Bert suspiravam de alívio.

"Quem é você?"

"Jakob Shumaker do Comité para a Preservação da Revolução. Este homem era um criminoso reaccionário e perigoso, procurado por toda a República. Faz parte de uma seita extremista do Politeísmo Boganês que aceita sacrifícios humanos. O COPRE não tem descansado a tentar prender todos os ligados a esta seita perigosa."

"Bem, obrigadíssimo."

"Vá, continuem lá com a vossa viagem. E tenham cuidado ao viajar pelo Nordeste de Boganhem, é melhor não fazerem isso, que esta seita é perigosa, e eles andam aí!"

"Obrigado Sr. Shumaker. Assim o faremos."


Ao serem escoltados de novo para o jipe, não podiam acreditar no que haviam visto e passado. Sentaram-se durante algum tempo a comer num restaurante de fast-food que havia lá perto, tentando compreender.

"Eu não entendo. Este povo Boganês é maluco. Onde eu fui nascer..."

"Fred, todos os Boganeses não são assim, nem 1% devem ser. Isto é uma seita periférica..."

"Mesmo assim. Todos conservadores, todos agressivos, antipáticos. Ainda bem que vamos sair daqui..."

"Temos e de redelinear o nosso caminho. Tou com medo, vamos voltar atrás e passamos por Malachor, e daí vamos para Seefurd. Não gosto desta zona de Boganhem."

"Concordo. Não temos de passar por casa outra vez, pois não?"

"Népia. Passamos pela 54 e não é preciso ir mais para sul..."

"Óptimo. Adiante pá. Não te esqueças do Red Bull, pa eu poder ir a conduzir enquanto dormes..."


E assim foi, Fred e Bert saíram do Burger King, e meteram-se no jipe. Bert foi para o banco de trás dormir, deixando Fred a guiar na noite escura da tundra boganesa, sozinho com os seus pensamentos, ainda meio traumatizado com os acontecimentos em Goddenhaus.
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Mensagem  Centric Qui Jul 02, 2009 7:41 pm

Cidade Insanidade

Fred e Bert, após alguns dias de viagem, finalmente estavam a chegar a Malachor. Tinham guiado por turnos e ficado a dormir num motel uma noite, mas ficaram tão enojados com a qualidade do motel que preferiram ficar a dormir dentro do jipe. Finalmente, chegavam a Malachor, a milenar capital da República de Boganhem.
Houve alguma desilusão. As fotografias de Malachor mostravam sempre o mínimo e novo bairro financeiro, mas não mostravam o resto da cidade. Era excatamente igual ao resto de Boganhem, com a típica arquitectura Boganesa - casas altas, com telhados esguios e negras. A cidade, vista de cima, de certeza que parceria uma mancha negra. Muito da parte medieval ainda estava conservada, por isso, a cidade tinha um aspecto antigo e rústico. Ao entrarem, esperavam ver uma cidade vibrante, mas na realidade, a cidade de 1 milhão de habitantes é das mais poluídas e degradadas da União. Sem-abrigos, drogados, pedintes. Foi a primeira impressão de Fred e Bert.

"Que merda. Onde é que tá a noite vibrante e essas merdas que costumam dizer sobre Malachor?"

"Acho que é mentira Fred. Olha-me pa isto, só degradação. Sabes que a máfia de Malachor é famosa..."

"A sério?"

"Nah. Mas existe. Malachor é das cidades com mais crime na União, temos que ter cuidado."


Ao passarem de jipe, procurando um hotel barato para ficar, depararam-se com uma coisa curiosa. À frente do edifício do Concelho de Malachor estava muita gente a entrar. O que seria? Devia ser um debate público sobre qualquer coisa. Fred e Bert haviam assistido a muitos em Volvenveld, mas eram limitados a poucas pessoas. Agora estavam curiosos da natureza de um debate público numa cidade de 1 milhão de habitantes. Estacionaram o jipe e entraram no edifício que dizia "Rate von di Fri Stad von Malachor" - Concelho da Cidade Livre de Malachor - em Boganês. À porta foram confrontados com um Camisa Azul que lhes pediu a identificação. Como eram cidadãos de fora do Concelho foram assistir ao debate numa zona em separado, não tendo poder para votar. Estes debates estavam divididos entre os Representantes, eleitos nas eleições Concelhias e os cidadãos que residissem no Concelho. No final a votação seria dividida entre os representantes e os cidadãos participantes com 70% e 30% respectivamente. Fred e Bert sentaram-se e ouviram o debate.

"O crime neste Concelho está a chegar a níveis impossíveis! Um aumento de 10% na taxa de homicídios, e de 14% nas fraudes e outros crimes económicos. Temos de dar mais poder à polícia e aos Camisas Azuis!" dizia um cidadão indignado

"E os princípios do libertarianismo? Vamos resolver tudo com repressão policial meu caro? Não podemos. Isso é uma táctica totalitária."
respondeu um representante

"Representante Bakker. O senhor nunca viu a sua filha a ser raptada e a polícia demorar imenso tempo para recuperá-la, pois não? Já para não falar das inúmeras mães que perderam os seus filhos!"

"Sr. Jansun. A solução não pode ser brutalidade policial, temos de agir responsávelmente."


"O problema" interrompeu um representante mais velho "reside noutro lugar. A regra ridícula da Polícia não poder disparar em imensas circunstâncias é ridícula. Numa confrontação com um criminoso, o agente só pode disparar quando a sua vida está mesmo em risco. Nem pode disparar primeiro. Temos de acabar com isso. Se demos mais autoridade desse tipo à polícia, podemos ignorar os apelos reaccionários para a vigilância em massa. Se o Concelho assim o desejar, levaremos isto ao próximo Congresso Pan-União, visto ser uma medida que pode gerar conflitos constitucionais."

Muita gente começou a falar e Fred e Bert viam a troca de acusações. Gritos, insultos. Tudo fazia parte do dia a dia dos Concelhos. Mas no fim, a proposta do representante mais velho, o Rep. Josef Ditrich, ganhou aceitação. Procedeu-se à votação, e 64% dos representantes votaram a favor. Dos cidadãos, 75% votaram também a favor, ficando no total, uma média de 67,3% de aprovação. Os representantes eram agora obrigados a preparar um projecto-lei a ser apresentado no próximo Congresso Pan-União. Foi bem recebido pela população, e Fred e Bert ficaram admirados e contentes. Voltando ao jipe, instalaram-se numa pensão suspeita no centro da cidade, e passaram lá a noite.
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