Reunião secreta em Valtland

Tinham chegado a Valtland representantes dos seguintes países:

Athaulphia
Kalmar
URLC
Peterandia
Burgolavia
África Central
Triestin
Lusitia


A reunião tinha lugar na Assembleia Nacional de Valtland, Espen Jansen estava acompanhado de Nenad Kristjc (Secretário da Diplomacia) e do seu braço direito, Nikolai Todorov.

Os diplomatas estrangeiros sentaram-se nos lugares normalmente ocupados pelos deputados, e Jansen colocou-se no centro da sala construida em semi-circulo e iniciou o seu discurso:

- Sejam bem vindos a Valtland. Agradeço-vos por terem aceite o meu convite.

Estamos aqui presentes hoje para lançar o que a União das Repúblicas Socialistas espera que seja uma nova plataforma de diálogo entre os nossos países. Estudámos a possibilidade de criar uma organização, mas chegámos à conclusão de que as políticas internas dos diversos países aqui presentes levariam apenas à queda da mesma e sairiamos todos com a nossa imagem prejudicada dessa aventura. O que sugiro portanto é uma espécie de conferência informal a ser realizada quando a situação internacional assim o exigir.

Não esperamos com esta iniciativa chegar a compromissos, criar tratados ou pactos, ou intrometer-mo-nos nas políticas internas uns do outros. O único objectivo será o diálogo, algo que tem faltado a nível internacional, precisamente pela ideia de que é necessário criar organizações ou compromissos. Não precisamos disso, precisamos apenas de debater ideias, apresentar os nossos problemas e tentar encontrar soluções do interesse comum.

Como devem ter reparado, existem países que não estão aqui representados, precisamente porque na nossa opinião apenas prejudicariam esta iniciativa.

A União apresentará as suas preocupações, e esperamos que todos os países aqui presentes façam o mesmo. Lembrem-se, tudo o que for aqui dito é informal e não pretendemos chegar a compromissos, apenas a bases de entendimento e ouvir o que os outros têm a dizer. Temos sido pintados na cena internacional como um monstro expancionista e de sangue frio. Esperamos alterar esta imagem que não corresponde de maneira nenhuma à realidade.

Antes de passar a palavra ao Sr. Kristjc gostaria de ouvir o que os senhores aqui presentes têm a dizer desta iniciativa.

Em representação de Athaulphia tinha acudido o embaixador athaúlphico na URS, Abel Dopico. Por enquanto, simplesmente observava a seu arredor e esperava a ver que se ia propor. Vendo-se interpelado, respondeu escuetamente:

- Como representante de Athaulphia, não tenho nada que objetar.

ooc: Bem, estava à espera que alguem se chegasse à frente mas estou a ver que não...

A representar a União de Kalmar, foi enviado Diogo Westerberg, um dos homens mais próximos de Francisco Carvalho.

- Pela parte que toca à União de Kalmar, estamos dispostos a dialogar com todos os povos do mundo. Essa é uma importante via que pode evitar mal entendidos desnecessários e que podem evoluir para um conflito diplomático, ou pior, grave.

José Kwanza toma a palavra:

- É do desejo do governo africano não se aliar ao qualquer um dos polos políticos que actualmente existem no mundo, mas isso não nos impede de compreender que o diálogo é importante para aproximar os países. Desde que esta iniciativa se mantenha nestes moldes e tais objectivos sejam claramente transmitidos à comunidade internacional, cooperaremos a 100% nesta iniciativa.

O Presidente Marlgrind levanta-se da sua mesa.

-É do nosso maior interesses cooperar com todos os povos do mundome se é isso que esta reunião deseja finalizar então Lusitia apoia.

Jansen escutou os convidados com atenção.

- Sr. Kwanza, garanto-lhe que não é o nosso objectivo criar qualquer bipolarização nem forçar qualquer país aqui presente a escolher um lado, até porque não olhamos para o mundo como "dois lados", nenhum país deve ter que viver e actuar de forma independnte com o constante receio de uma intervenção exterior. Vou então passar a palavra ao secretário da diplomacia, que muitos de vós já conhecerão.

Kristjc levanta-se e subtitui Jansen no centro da sala.

- Bom dia a todos. Como disse o presidente, o objectivo desta reunião é cada país expôr os seus receios, e por isso começarei por falar do que a URS considera ser o maior perigo actual para a estabilidade internacional. Nas reuniões do Departamento da Diplomacia, referimo-nos a esse perigo como o "losango fascista". Sabemos obviamente que estes países não são todos fascistas, mas refiro-me a Roma, Cruz de Cristo, Angelcynn e Vibra. Tudo governos totalitários ou altamente instáveis e anti-democráticos. Recentemente temos vindo a ver uma influência romana crescente em Angelcynn e Vibra, e estes países não passarão em breve de meros fantoches de César. A sua localização geográfica ameaça todos os países aqui presentes. Como se já não bastasse a capacidade de projecção militar dos romanos, temos agora Angelcynn a ser directamente armada pelos romanos, Cruz de Cristo com problemas nas suas fronteiras e vários grupos separatistas internos que podem a qualquer momento fazer eclodir uma guerra, e Vibra a receber uma base cristiana tão perto de Triestin e tão pouco tempo depois do final da guerra.

Kristjc faz uma pausa para beber água e deixar os líderes estrangeiros absorver as suas palavras.

- Julgo que não exagerarei ao dizer que todos aqui verão estes países e as suas recentes acções como o principal foco de instabilidade internacional. Faço agora uma pequena confissão, quando reuni com o Conselho e com o Comando Militar, a opinião maioritária era de que a URS deveria agir imediatamente sobre Vibra, para limpar o pacífico da ameça que sem dúvida é a base cristiana no Nipão. No entanto, como o presidente Jansen disse, está na altura de substituir as acções unilaterais por acções colectivas, baseadas no diálogo entre as nações que podem vir a ser afectadas por esta situação. Volto por isso a passar a palavra a vossas excelências, para saber o que pensam sobre este assunto, não só a base no Nipão, como toda a situação internacional.

- A nossa maior preocupação é, sem a mais pequena dúvida, a posição de Angelcynn perante o Império Romano. A aliança que criaram entre si, as fortificações que têm estado a erguer ao longo da nossa fronteira preocupa-nos bastante e acredito ser esta a maior ameça à paz na América. Cruz de Cristo está a fazer esforços para se democratizar e penso que devemos esperar para ver. Quanto a Vibra, é um país amigo da União de Kalmar, com quem temos boas relações, não obstante acharmos esta aproximação a Roma preocupante. Contudo não acredito que a URS se deva preocupar que um conflito surja no Pacífico, tanto por esta aproximação a Roma, como pela base cristiana que referiu, pois seria catastrófico para o povo vibrense entrar num novo conflito armado após os recentes ataques ao seu território e toda a devastação que estes causaram.

Jumber Patiashvili diz em voz baixa mas audível por todos, sem levantar a cara de um documento que estava a ler.

Patiashvili: Existem eleições livres em Triestin, tivemos umas à algumas semanas...

Patiashvili não esperava muito deste encontro, já sabia que lhe iam martelar a cabeça, a sua presença só atrapalhava os planos de Jansen para a reunião, nem sabia porque tinha sido convidado. Metade das nações ali presentes não gostavam do seu país e o sentimento era recíproco.

Westerberg intervém antes que um diálogo entre triestinos e peterandeses se crie, falando para toda a sala:

- Senhores delegados, estamos aqui reunidos para discutir matérias de Guerra e Paz. Deixemos as questões internas dos nossos países para uma outra ocasião mais oportuna. Devemos estar unidos nesta questão.

O embaixador athaúlphico tomou a palavra:

- Athaulphia compartilha a preocupação de seus vizinhos, especialmente no referente a Angelcynn. Meu governo tem a impressão de que Angelcynn não é plenamente consciente do que está fazendo com essa aproximação a Roma. Esse rei está metendo as mãos num ninho de vespas e se persiste vai levar a seu país ao desastre. Acho que é necessário enviar-lhe uma mensagem clara, para que saiba ao que se expõe. Seria conveniente comunicar-lhe que se segue permitindo aos romanos passear-se por seu território vai encontrar com a hostilidade de Kalmar, a URS, Peterandia, Triestin e muitos mais países. Penso que deveríamos elaborar uma declaração confidencial, assinada por todos os que desaprovamos sua aliança, e enviá-la a seu governo. Que saibam, que se dêem conta, de que Roma os está convertendo num peão em seu jogo estratégico, e os peões são sacrificaveis. Que saibam que se Roma utiliza Angelcynn para atacar a Kalmar ou outros países, as represálias recairão sobre SEU território, e será Angelcynn, e não Roma, quem seja destruída. Devemos oferecer-lhes garantias de sua segurança, e que a cambio se desvinculem de Roma. Se não o faz, que enfrente as conseqüências: corte de relações, sanções econômicas, isolamento diplomático...

- A análise do diplomata athaúlphico é sensata e muito correcta, como a diplomacia de Athaulphia já nos habituou. Mais uma vez, a União de Kalmar concorda e apoia a proposta athaúlphica.

Patiashvili permanece em silêncio por respeito ao camarada Jansen.

O embaixador athaúlphico, vendo a boa acolhida de sua proposta, voltou a falar:

- Senhores, se concordam vocês com isto, considero que devemos atuar quanto antes. Tenho uma proposta: meu governo, oficialmente, ainda não fez nenhuma declaração pública contra as ações de Angelcynn, e ademais temos certa fama de país neutral, pacífico e diplomático. Portanto, nos oferecemos como mensageiros para transmitir a Angelcynn uma advertência. Nosso embaixador em Angelcynn, Arturo Darriba, pode solicitar uma reunião ao rei George V, para transmitir-lhe essa mensagem. Não seria um assunto oficial, naturalmente, mas serviria para comunicar a Angelcynn a situação sem que o assunto tivesse transcendência pública, para evitar mais tensão. Meu governo aprova esta possibilidade. Se vocês estão de acordo, podem autorizar-nos a falar em seu nome e dizer-nos que mensagem concreta desejam transmitir.

ooc: Independentemente disso, não sabemos da reunião da Peterandia.

ic:

- Não tenho nada a opor e a União de Kalmar dá a sua permissão para ser representada por Athaulphia.

- A África Central opta por se abster em se envolver no assuntos angelcyanno. Como tal, o nome de África Central não deve constar na lista de países que apoiam essa declaração a ser enviada ao governo angelcyanno.

Kristic deixou todos falarem sem interromper. Folgou de alívio quando o diálogo entre o peterandes e o triestino terminou sem ser necessária intervenção de ninguém. Depois voltou a falar:

- Começando pela situação em Angelcynn, concordamos com a sugestão do Sr. Embaixador de Athaulphia. Sugiro que não deverá ser a URS a fazer de intermediário, pois as intenções da nossa sugestão seriam com certeza deturpadas se isso acontecesse. Mas apoiamos Athaulphia para que seja o mediador do diálogo entre os países aqui presentes e Angelcynn.

Depois fez uma breve pausa.

- Devemos no entanto estudar a hipótese de tal acção não resultar. O risco de ter uma mini-Roma, se me permitem a expressão, no continente americano, é alto demais para apostar todos os nossos esforços exclusivamente na diplomacia...

Existia também a questão de Vibra, que preocupava bastante a IS.

- E não nos esqueçamos de Vibra. Neste momento estamos a meio de contactos diplomáticos com o governo de Cruz de Cristo, com o objectivo de eliminar a bse cristiana no Nipão. Mas mais uma vez devemos estar preparados para o falhanço da diplomacia. Cada vez mais vozes se erguem dentro da Internacional Socialista contra a postura claramente pró-romana de Vibra. Num mero exercício mental, gostaria que se pusessem no lugar da URS em relação a este episódio da base cristiana no Nipão, e julgassem hipoteticamente como agiriam se estivessem no nosso lugar. Mais uma vez a opinião de todos os presentes seria extremamente útil...

Domingos Cardozo sentia que ali se discutiam temas bem acima da sua capacidade de influência. Chegou a interrogar-se porque quereriam os políticos da URS ouvir meia dúzia de nações sem força para os deter, fosse qual fosse a sua vontade. A única resposta que lhe vinha à mente era a possibilidade da URS se preparar de facto para a grande guerra com Roma, e esta ser a sua última ronda para reunir aliados, mas nem isso fazia sentido, pois todas as nações ali presentes, mesmo as mais afectas ao capitalismo, tenderiam para o lado da URS... seria o menor de dois males, como se costuma dizer.

Patiashvili diz baixinho ao seu assistente, e em russo:

- Sim, são só a nação cujo orçamento militar mais cresce, nada militarista...

E ambos deixam sair um pequeno riso. A única coisa que aquela reunião trazia de interessante era o facto da Peterandia poder sair dela como o novo inimigo de estimação dos triestinos. Patiashvili já imaginava as campanhas que Ligachev iria armar contra os peterandeses.

"Continuam iguais..." pensou o kalmarense.

- A União de Kalmar opõe-se terminantemente a uma intervenção militar em Vibra. É completamente injustificado. A instalação de uma base, no território de um país soberano, não deverá ser nunca razão para equacionar um cenário de guerra. Relembro que tanto o governo peterandês, como o kalmarense, têm alguma influência em Vibra e poderão fazer o governo vibrense mudar de ideias em relação à aproximação a Roma.

- Sem querer minar a posição de Kalmar, o Sr. disse, e passo a citar: "a instalação de uma base, no território de um país soberano, não deverá ser nunca razão para equacionar um cenário de guerra", no entanto não é exactamente isso que estamos a fazer no caso de Angelcynn? Lá porque uma base cristiana perto da IS é um perigo menor, não deixa de ser um perigo...